domingo, 27 de janeiro de 2008

Chuva Urbana

hoje vim aqui mas não para escrever...
mas sim pra clocar um pema de uma amiga...

Chuva urbana

“Chora cidade.
Chuva de guarda-chuva
com pessoas de açúcar
a se desintegrar
num meio podre
fazendo-se doce mentira
aquilo que só se sabia
que era uma amarga não verdade.
Chove asfalto molhado.
E uns rostos com histórias
sem contos...
cem contos na boca.
Mitos urbanos.
Ferozes poluições sonoras.
Fumaça.
Chove com cheiro de chuva
em gorrinhos e toquinhas
em pessoas em água e sal.
E açúcar.
Fala muito.
Pede muito.
Fede muito.
Fé de muitos.
– Como passou o ano novo?
– Graças a Deus.
– Graças a Deus o que?
– Sei lá. Me vê quatro pãezinhos.
– Graças a Deus.
– O que?
– Sei lá. Quantos pães?
– Quatro.
Parou a chuva.
– Me vê um cigarro solto. Não tem Derby?
– Tem Shelton.
– Deixa pra lá.
– Tomou muita cerveja no ano novo?
– Vai pedir o que?
– Uma cerveja.
– E a pinga?
– Pago depois...
– Como o pão tá feio hoje...
– O dia também está...
Putas.
De corpo.
De alma.
Todos se vendem
e fingem vender pãezinhos...
tem gente correndo na rua.
O que é que há com essa gente?
Não tenho medo de chuva.
Tenho medo de gente.
O que é que há com essa gente?
Tá chovendo muito.
Será que vou me afogar?
Pessoas me afogam.
Em roupas justas de moda.
Em jeans sujos
de lama, pus e chuva.
Chova e limpe.
– Me vê um café.
– 50 centavos.
Cheiro de chuva e de gente.
Onde é que há gente por aqui?
Por toda parte.
Gente que mata,
gente que cospe no
chão.
Gente suja.
Com seus atos vis.
E essa chuva que não limpa?!
Ah é.
Tem os de guarda-chuva.
Guarda-gente.
Guarda gente que mente.
Não são mentiras...
apenas não-verdades...
guarda-verdades.
Podiam, todos serem de açúcar.
Não para serem doces,
mas para desintegrar na chuva.
Poluição.
Sonora.
Visual.
E esse visual feio?
– O Gudang mudou o visual.
– Ficou bonito...
Olha o Pássaro Marrom passando...
Boas lembranças.
Uma saudosista.
Saudades de mim.
Chove chuva
chora chuva
chora eu.
Agora.
Agora não...
Depois então.
Também não.
Ônibus faz um barulho tremendo...
Mas gente faz mais.
Quem dera essa gente desintegrasse no ar...
E assim chove.
Chove mais.
Chove putas tristes.
Chove traficantes sujos.
Chove velhos ranzinzas.
Chove novas senhoras.
Chove carros
e motos
e bicicletas
e operários.
– Me vê um café com um pouco de açúcar.”
(Juliana Pires)



Chuvas urbanas acontecem a todo momento no mundo.

1 comentários:

Mariana 29 de janeiro de 2008 às 13:45  

amei!
paguei pauu!!

uhuul mto bacana! beijos

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